quinta-feira, outubro 06, 2011

Um pedido de perdão... escrito.

Olá, como vão? Espero que estejam todos em paz. Hoje eu resolvi participar de mais uma edição do Bloínques. Aliás, uma que nunca participei: Edição de Cartas. Deixei fluir um tipo diferente de escrita. Aflorei os pensamentos de um garoto, coisa que, até então, nunca tinha feito. Quando escrevo textos, direciono os pensamentos à uma garota. Talvez seja mais fácil pensar como uma menina, sendo uma (lógico, né?!). Mas enfim... rolou um tipo diferente de história, um rumo diferente. Para os preconceituosos, parem por aqui. Para as mentes abertas, prossigam, e espero que entendam a essência e visualizem um belo rapaz escrevendo essa carta, com sua caligrafia cautelosamente milimetrada. O mesmo rapaz que eu visualizei. Muitos beijos. 


Via Láctea, 06 de Outubro de 2011.
Querida mamãe,

Não creio que escrever irá aliviar tua dor, mas espero que, mesmo que somente nesse instante, lembre de mim com doçura e reviva cada 'eu te amo' que eu lhe disse durante todos esses anos que estivemos lado a lado, compartilhando vitórias e lágrimas. Não tenho sido muito justo contigo, te deixando sem notícias minhas, sem nenhuma informação e me culpo por isso. O verdadeiro motivo dessa carta é fazer com que a senhora entenda que sou jovem e que preciso das respostas que procuro, apesar de que todas as perguntas terem se embaralhado nos últimos dias, formando uma grande teia de enigmas. Saber que sou seu filho adotivo, trouxe algumas questões à beira do meu subconsciente, perguntas que não conseguirei responder estando ao seu lado e vivendo debaixo da barra da sua saia. Mãe, eu fui um garoto reservado, mas nunca deixei de te amar, nunca deixei de confiar nas tuas promessas. O problema foi quando descobri que nosso vínculo não era nada além de psicológico. Saber que não saí do seu ventre me deixou confuso e desnorteado, como se qualquer resquício de laço tivesse se rompido naquele exato momento em que a fatídica realidade fora exposta perante os meus olhos da maneira mais cruel quanto teria sido possível. Aquele que diz ser meu pai, que me criou e me abrigou, não demostrou o mínimo de respeito por mim, por eu ser como realmente sou. Aquele que me levava aos rios para pescar e que eu tanto idealizava quando criança, mostrou-me sua real face, seu desumano semblante destruidor de sonhos e acasos. Mãe, o seu esposo acabou com as minhas concepções, fazendo-as desabar como um frágil castelo de areia em meio a uma terrível tempestade.  A senhora, melhor do que ninguém, sabe que eu nunca pedi que concordassem com as minhas idéias, mas respeitar as ideologias de cada um é quase que uma regra da Política da boa vizinhança, coisa que ele não fez. Meus sentimentos por garotos surgiram logo cedo e eu quase que não pude controlar, era bom saber que eu pensava diferente de todos os outros. Saber que eu não procurava - e ainda não procuro - um pedaço de carne em uma mulher para pegá-la quando eu desejar satisfazer meus desejos e obter prazer. O que eu busco é ALMA. Não quero que me julguem por eu buscar meninos que tenham o mesmo interesse que eu, mas eu sei que ele me julga. Sendo assim, não me senti a vontade e tive de sair do nosso lar. Nossa convivência teve um fim, pelo menos por enquanto, mas o meu amor pela senhora será infindável. Assim que os oceanos secarem nós iremos conversar e ver que a ternura que sinto por ti só aumenta conforme o tempo passa. Mamãe, foi uma decisão necessária. Breve voltaremos a nos ver e teremos certeza de quem nem as montanhas mais altas e sólidas poderão separar nossos corações. De qualquer lugar desse imenso universo, lembrarei do teu amor.

Com toda ternura e saudade que existe , 
John




62ª Edição de  Cartas

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