terça-feira, setembro 14, 2021

Conhecer-te (24/08/21)

Você, professor. 
Eu, aluna.
Me vejo cheia de dúvidas,
questionamentos,
anseios,
curiosidade...
E você com paciência e jeito
me explica tudo e mais um pouco,
me faz compreender,
ver teu lado,
a tua ciência,
o teu método. 

Você, aluno.
Eu, professora.
Quando no meio dos nossos dias,
os meus assuntos surgem.
As cidades,
a sociedade,
o concreto armado
e o imaterial.
Do meu jeito, te mostro
parte do meu mundo
e te empresto os óculos
que guiam a minha vivência. 

Você, aluno. 
Eu, aluna. 
Porque ambos sabemos
a hora de calar e atentar,
pois conhecimento
é sempre bem vindo. 

Você, professor.
Eu, professora.
Porque ambos sabemos
a hora de falar e detalhar,
pois conhecimento 
é sempre mais real
e democrático
quando compartilhado.

Nessa vida,
ao teu lado,
eu aceito ambos os papéis.
Só não aceito 
a ignorância.

Estarmos juntos
é a prova de que quem busca,
hora ou outra,
encontra,
se encontra,
se perde,
e mais uma vez,
se compreende.

Te amar é escola,
viver ao teu lado é enriquecer
daquilo que de fato me interessa. 

Nunca tive 
tanta sede 
por conhecimento. 

Imenso (02.09.21)

Imenso
é meu carinho,
que se manifesta
nas palavras
mais doces.

Imenso
é o meu afeto
que se manifesta
no cuidado
de todos os dias.

Imenso
é o meu desejo
que se manifesta
no calor na pele
quando você chama por mim.

Imenso
é o meu orgulho
que se manifesta
sempre que tens
conquistas para contar.

Imenso
é o meu amor
que se manifesta
em cada uma das linhas
que te escrevo.

é o meu amor
que se manifesta
em cada uma das linhas
que te escrevo.

quinta-feira, julho 15, 2021

tem (29.06)

No meu peito tem
brasa,
afeto,
vontade de fazer corar. 

Na minha boca tem
sussurros guardados,
lábios molhados,
vontade de beijar. 

Nas minhas mãos tem
curiosidade,
interesse,
vontade de explorar. 

Nos meus olhos tem
leveza,
brilho,
vontade de extravasar. 

Na minha pele tem
arrepio, 
calor,
vontade de transpirar.

Na minha mente tem
sede,
desejo
vontade de contigo estar.

Terceira pessoa do plural (06.07)

Não racionalizando,
te encontro
num ponto
comum.
 
Onde eu e você
podemos sonhar
em ser apenas
um.
 
E sendo apenas um,
construímos
aquilo que paira
nos seus sonhos.
 
(Que agora também são meus)
 
Seus sonhos,
seus desejos,
seus prazeres,
seu futuro.
 
Meus sonhos,
meus desejos,
meus prazeres,
meu futuro.
 
De primeira
e segunda pessoa,
enquanto singulares.
 
Mas se um dia
assim for por bem
que venham eles...
E nosso sonho plural
assim se concretize.

quarta-feira, março 17, 2021

O mundo me tem


Meu peito
aperta
e dói
um pouquinho
por vez.

Dilata,
aumenta,
retrocede.

Vou até você.
Volto a mim.

Quero ficar,
mudar,
crescer,
ver e amar.
Outros.
E você,
mais uma vez.

Descobrir outros gostos
e sentir o teu novamente.

E partir, hora ou outra,
sem me sentir na obrigação
de voltar.

Seja pelo que for.

Noite dessas,
durmo contigo
ciente de que
vou acordar sozinha
porque o teu amor
vai ter ido embora
de mim.

E aí
serei
um pouco mais triste
e um pouco mais feliz.

Tive muito de ti.
E ainda quero muito
do mundo inteiro.

Hora dessas
me vou.
Parto do seu peito
e vou fazer poesia
em outro endereço. 

sábado, janeiro 16, 2021

silêncio (08.01)

Eu odeio o silêncio. 
Odeio porque só faz silêncio fora,
porque dentro de mim o barulho é eterno. 
Não tem um minuto de quietude. 
Nem dormindo eu me calo. 
Não silencio nem com reza. 

Eu odeio o silêncio. 
Odeio porque o silêncio nunca vem de mim,
porque pra mim a troca é fundamental
e diálogo é troca. 
Quem silencia me fere devagar e
essa é sempre uma morte lenta. 

Eu odeio o silêncio. 
Odeio o silêncio porque ele não resolve nada,
porque ele só ajuda a entorpecer. 
E de torpe, basta a inércia.
Não suporto ficar parada. 
Minha ansiedade pede por ação. 

Eu odeio o silêncio. 
Odeio o silêncio porque ele é antítese,
se ele existe, tua voz não.
Quando não te ouço
o coração se amiúda.
Não sou chegada a pequenez.

Eu odeio o silêncio. 
Odeio o silêncio porque ele me limita,
porque na ausência da voz, 
meus pensamentos são confusos.
Falar definitivamente pode não ser meu dom,
mas é melhor do que esse silêncio.


domingo, maio 24, 2020

de lua

Eu deixei meu coração 
no mundo das ideias. 

Lá, onde passarinho
canta risonho, barulhento
e sereno. 

Lá, onde borboleta
tem vôo livre e
percorre todo lugar. 

Lá, onde libélula
reflete o sol
nas asas coloridas. 

Lá, onde beija-flor
bate as asas rapidinho
e bebe do néctar. 

Eu deixei meu coração
no mundo das asas,
onde o ar é rarefeito
e costuma causar efeitos
devastadores
na minha consciência. 

Eu deixei meu coração
no mundo do fogo, 
onde o calor é pungente
e afugenta a solidão
dos dias mais frios
e das noites insones. 

Eu deixei meu coração
no mundo da terra,
onde o cheiro da chuva 
encontra abrigo
e de onde brotam
os mais eternos afetos.

Eu deixei meu coração
no mundo da água,
submerso em camadas
e correntes marítimas
que seguem seus fluxos
e direcionam a vida. 

Eu levei meu coração
ao mundo da lua,
e ali ele encontrou 
a mais perfeita residência. 
Encontrou suas emoções
e se despiu das suas certezas. 

A lua é dúvida, 
fragilidade e
leveza. 

A lua é acalento,
ternura e
vulnerabilidade. 

Na lua, me fiz mulher. 
Foi nela que meu coração
encontrou amparo.
Nos ciclos da lua,
meus amores florescem. 

Dos ciclos da lua,
sou feita. 
De lua em peixes, 
mística e intuitiva. 

"De lua", 
minha maior característica.